"Pois foi que mais tarde, anos, ao fim de uma ocasião de sofrimentos grandes, de novo me defrontei- não rosto a rosto. O espelho mostrou-me. Ouça. Por um certo tempo, nada enxerguei. Só então, só depois: o tênue começo de um quanto como a luz, que se nublava, aos poucos tentando-se em débil cintilação, radiância. Seu mínimo ondear comovia-me, ou já estaria contido em minha emoção? Que luzinha, aquela, que de mim se emitia, para deter-se acolá, refletida, surpresa? Se quiser, infira o senhor mesmo."
" São coisas que se não devem entrever; pelo menos, além de um tanto. São outras coisas, conforme pude distinguir, muito mais tarde - por último - num espelho. Por aí, perdoe-me o detalhe, eu já amava - já aprendendo, isto seja, a conformidade e a alegria.E... Sim, vi, a mim mesmo, de novo, meu rosto, um rosto; não este, que o senhor razoavelmente me atribui. Mas o ainda-nem rosto - quase delineado, apenas - mal emergindo, qual uma flor pelágica, de nascimento abissal... E era não mais que: rostinho de menino, de menos-que menino, só. Só. Será que o senhor nunca compreenderá? "
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Uma vez eu li que enxergamos tudo num espelho, e que se quiséssemos poderíamos polir o espelho e enxergar o outro lado, o que há do lado de lá. Mas não veríamos mais a nós mesmos. Acho que é uma visão parecida com a de Platão, de que vivemos numa caverna e se conseguimos sair não poderemos mais voltar, ficaremos tão deslumbrados com o outro lado, com a luz, que não aguentaríamos a escuridão, por mais cômoda que fosse.
Eu ainda não saí da minha caverna, não tive coragem, não me sinto preparada. Quando você vai ter coragem pra sair da sua?
Um comentário:
Saia da sua caverna, aqui é bem melhor...
Mas e a caverna? Ainda está lá, eu as vezes volto.
Tenho meu refúgio :)
Amo você!
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