sábado, 14 de fevereiro de 2009

Os Donos do Fim de Semana .



OS DONOS DO FIM DE SEMANA

Não havia um único tijolo no imenso muro que cercava a morada onde João e Maria passavam os seus dias. Era de folhas verdes e flores vermelhas e raízes no chão, o muro ao redor da paz de Maria e João.
Estavam muito acostumados e dormiam abraçados até que as campainhas do peito dos passarinhos despertavam sempre o sol. Tomavam banho no lago, protegidos pelas imensas cortinas bordadas com pingos puros da cachoeira vizinha.
Maria ia para a cozinha: leite puro, café bom...
João tratava os cavalos, caminhava pelo prado, respirava fundo e ia alimentar os patinhos, sem saber quem era cooper.
Assim passavam os dias quando o mundo era manhã.João colhia alfaces, os dois comiam salada. Maria ficava contente, os dois "se davam risadas". Eram ambos muito humildes para aquela imensa casa. Nem sabiam o quanto é cara alimentar uma piscina, o motor, a gasolina. A piscina estava lá, João não pagava imposto nem de renda, nem de nada.
Não comprava nem um disco: João sabia cantar.
E tocava violão "mal-apena" escurecia.
Maria chegava perto e "ligava" o seu João ao programa favorito: a lua, o céu, as estrelas, às vezes o avião que levava as pessoas em busca da paz perdida.
Às vezes João parava de cantar e Maria fazia um "comercial" : Qué café, João? o cafézinho tá boooom...
Lá nunca havia nada; nem desastre, nem ladrão.
Muita gente da cidade poderia reclamar e achar monotonia a vida de todo o dia de Maria e de João. Chegando o fim da semana começavam a chegar alguns carros, muita gente.
João chamava Maria.
Maria muito contente começava a preparar um almoço reforçado.
Era domingo, era festa. Mas, mesmo assim, as pessoas já chegavam reclamando: para um doía a cabeça do uisque d'outra noite. Outra brigou na estrada. A uma o filho não veio e ela se sentia só.
Maria era só risos, gentileza, simpatia. As palavras muito erradas mas atitudes certas.
João cuidava que tudo fosse contento de todos: as mesinhas no gramado muito limpas, a piscina azulzinha. Nas gaiolas os passarinhos cantavam músicas aprendidas de João.
Maria toda orgulhosa explicava pras senhoras o regime que fazia e porque não engordava: "Ah! Como muita verdura. Muita verdura fresquinha." Uma das senhoras gordas se lembrou do seu remédio: "Meu Deus, esqueci o Diempax".
Os senhores se sentavam à beira da piscina vestidos como vieram.
Fumavam seus cigarros,
Beberam seus uísques,
Falaram dos seus negócios,
Discutiram seus dinheiros,
Resolveram reuniões.
Comeram os seus churrascos,
Beberam seus licores,
Chegaram às soluções.
Marcaram: Segunda e Terça nos escritórios do centro, duas novas reuniões. Dormiram nossos senhores. Acordaram com a lua estranhando as presenças na paz de Maria e João.
Roncaram seus motores, acenderam seus faróis. E foram "fazer" estrada, na certeza de que o sitío, aquela sua propriedade, estava em muito boas mãos. E na verdade estava mesmo:
João Simplório, o caseiro, pôs as mãos nas de Maria, levou-a até a varanda.
Acendeu a lua, deu brilho nas estrelas,
Pegou o violão e cantou
Uma velha e simples canção de amor.

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A foto não tem muito a ver, é só que vocês são as donas do meu final de semana, e a alegria das minhas mãnhas (mesmo as de sábado as sete) e das minhas tardes e noites. Não tenho o que dizer, adoro esse texto.
Maria e João, João e Maria. - quer um toque? eles não tinham medo.
Eu não vou mais ter medo, e você meu bem? ;]
Vamos lá, a sorte de hoje diz para tentarmos coisas novas e sermos bons ouvintes. O que você acha disso? Talvez seja a minha hora de ser Maria, talvez seja meu tempo de ser João, quem sabe então? ;~
Beijo!

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